segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Música

Do lado de oeste,
do lado do mar
há rosas silvestres
para respirar,
e o chão se reveste
de musgos de luar.

Do lado de oeste
do lado do mar,
há um suave sipreste
para me embalar
Pássaros celestes
me virão cantar.

Canção sem mestre,
sonho sem lugar,
quem há que me empreste
barco de embarcar?

Do lado de oeste,
do lado do mar,
descerei com vésper
até me encontra.
Quero estar inerte
sob a chuva e o luar.

Tu, que me fizeste,
me virás buscar,
do lado de oeste,
do lado do mar?

Cecília Meireles - As palavras voam

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